Moradora combate vizinhança homofóbica com luzes de natal

Mary Pham aproveitou as festas de fim de ano para responder à intolerância de seu bairro em grande estilo

por Marcio Caparica

Uma das características da mentalidade norte-americana é a necessidade que eles têm de exibir publicamente suas convicções – boas ou ruins. É comum que um morador coloque na frente de sua casa bandeiras de times para que torce, ou faixas com mensagens políticas, religiosas ou ideológicas. Em abril desse ano que está chegando ao fim, a doutora Mary Pham, moradora da cidade Irvine, Califórnia, hasteou sobre o telhado de sua casa uma bandeira do arco-íris para demonstrar seu apoio à causa LGBT.

“Não é uma boa ideia fazer isso aqui em Irvine, Mary”, avisou uma de suas amigas. Ela fez pouco caso. “Veja bem”, ela respondeu, “ou a pessoa sabe do que se trata ou não sabe. Quem souber, vai reconhecer que é uma bandeira do orgulho gay; quem não souber, só vai ver um arco-íris. Quem reparar que é uma bandeira do orgulho gay ou vai gostar ou vai odiar. Quem odiar não passa de um cretino.”

Em julho, ela foi informada de que várias pessoas vinham escrevendo e-mails furiosos para a associação de moradores de seu bairro reclamando da bandeira. Pham assustou-se com os termos utilizados nas mensagens. Em uma delas, o autor se referia à “bandeira de viado” que ela tinha em casa. Outra dizia: “Será que o ORGULHO GAY [em caixa alta, fonte maior e letras de várias cores] é protegido pelo direito à livre expressão? Os moradores deste bairro ao ver isso balançam a cabeça cheios de nojo.”

Ainda outro e-mail: “a maior parte das pessoas não optam pelo estilo de vida homossexual, e pessoalmente eu fico irritado por ser lembrado todos os dias de dois homens fazendo sexo um com o outro.”

Apesar de ninguém se pronunciar diretamente a ela, a moradora começou a se sentir desconfortável com a hostilidade que a bandeira estava causando. Ela consultou um centro LGBT local, que a orientou a fazer um boletim de ocorrência na polícia. Mesmo assim as reações negativas não pararam: panfletos de igrejas homofóbicas eram deixados em sua porta, ou bilhetes no para-brisas de seu carro que diziam simplesmente “DEUS ODEIA BICHAS”.

Em dezembro, ela resolveu contra-atacar. Ela pediu ajuda a seu filho, e juntos eles decidiram enviar uma mensagem ainda maior para os vizinhos – sem violar nenhum regulamento da associação de moradores. Aproveitando outra tradição norte-americana – a de decorar as casas durante o final de ano da maneira mais extravagante o possível – Pham transformou a fachada inteira de sua casa num enorme arco-íris de luzinhas de Natal.

“Antes, era apenas uma bandeira. Agora é questão de honra”, ela disse a um jornal local. A experiência também serviu para que ela se envolvesse mais nos grupos LGBT de sua cidade, para tentar transformar sua comunidade num lugar mais tolerante.

Fonte: The Pleasure Chest

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Um comentário

Mica

Amei,sério show de bola. Ranzinzice combate-se com humor.A bandeira lembrava ao vizinho que dois homems pode ser amar,agora ele vai querer arrancar os olhos,queria ter o poder de vê a cara dos moradores intolerantes.:P

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