Santo Youtube, que libertou as pessoas dispostas das preconcepções dos executivos dos canais de TV e permitiu que os criadores buscassem diretamente seu público. O maior sucesso desse modelo é, obviamente, o canal Porta dos Fundos, mas outros produtores estão seguindo o mesmo caminho. Ontem foi ao ar o último episódio da série Positivos, que conta a história de um grupo de portadores do vírus HIV.
Concebida por Daniel Sena, a série foca nos relacionamentos de quatro gays soropositivos que vivem no mesmo apartamento no Rio de Janeiro. Esse núcleo explora alguns dos estereótipos mais comuns da vida gay: o coroa que se descobriu homossexual mais tarde e serve de mentor para os outros; o jovenzinho apaixonado que tem medo de transmitir o virus para o namorado; o gato que transa sem preservativo para transmitir o virus mesmo; e a bichinha traiçoeira que se dedica a dissimuladamente semear a discórdia. Outros personagens orbitam o grupo, como um hétero que ainda não contou para a noiva que é soropositivo, e uma mãe que transmitiu o HIV para o filho por acidente. Todos fazem parte de um grupo de apoio que se reúne no apartamento.
O seriado é feito quase sem dinheiro e com muita dedicação – os atores não receberam cachê para participar dele – e isso transparece na produção final: a iluminação deixa a desejar e a qualidade do som é problemática. Muitas vezes os diálogos também soam duros demais. Apesar dos problemas técnicos, Positivos envolve o espectador, que já no primeiro episódio começa a se preocupar com o futuro dos personagens e acaba criando uma conexão emocional com eles. Ao mesmo tempo que entretém, a trama transmite informações relevantes sobre a prevenção da Aids, a possibilidade de se viver bem com o virus HIV e ensina as pessoas a se livrarem do preconceito com os soropositivos. Outro ponto alto da série é a trilha sonora, toda de artistas nacionais independentes que cederam as faixas gratuitamente. Quem desejar pode conferir as canções no website do seriado.
Na página do seriado no Facebook, Daniel Sena já prometeu mais dez episódios para a segunda temporada, a estrear em janeiro de 2014. A produção pede doações para a realização dessa nova fornada, e nós aqui do LADO BI achamos que colaborar com eles é uma atitude superdigna. Vamos mostrar que produções de nicho podem ter sim um apelo universal – e de quebra ganhar mais histórias do nosso interesse, com a nossa voz.
Estou maravilhado com a clareza e simplicidade com que os temas são abordados. Estou a um tempo procurando por uma publicação de qualidade quanto a LADO BI e a partir de agora não poderei e nem devo deixá-los. Quanta competência e responsabilidade nas abordagens. Parabéns ao grupo editorial, vcs merecem todos os aplausos e reverências.