Thriller lésbico de época torna-se o maior sucesso da Coreia do Sul em Cannes

“The Handmaiden”, novo filme do mesmo diretor de “Oldboy”, bate recordes de distribuição internacional e retrata vingança de mulheres na época do Japão colonial

por Marcio Caparica

Com estreia internacional marcada para setembro, The Handmaiden (Agassi), foi aplaudido de pé no Festival de Cannes, recebendo críticas mais que elogiosas. O site Hollywood Reporter descreveu-o como “um thriller erótico e pervertido, uma história de amor que transborda com surpresas deliciosas, o que faz com que suas duas horas e meia de duração passem voando, temperada com fantasmas, horror e S&M”. Antes mesmo de estrear no festival, The Handmaiden já havia conseguido acordos de distribuição em 120 países; depois do festival, ele agora vai contar com salas em 175 países, tornando-se o filme sul-coreano de maior sucesso internacional da história.

Dirigido por Park Chon Woo, diretor do clássico mundial Oldboy, de 2003, The Handmaiden é uma adaptação do romance Fingersmith, de Sarah Waters. O filme narra a história de uma órfã, contratada por um charlatão para se tornar a empregada de uma rica herdeira, ganhar sua confiança e convancê-la a se casar com ele, para que ele possa então roubar sua fortuna. A relação entre as duas, no entanto, logo torna-se um caso tórrido. E esse é apenas o começo de uma narrativa recontada sob três pontos de vista diferentes, que rapidamente torna-se cada vez mais surreal.

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No romance a trama se passa na Inglaterra da era Vitoriana; Park transferiu-a para a Coreia do início do século XX, quando a península havia sido colonizada pelo Japão. Segundo o site Vulture, o filme inclui “demonstrações de sexo flutuante com manequins de madeira; ópio líquido; fossos escondidos; um polvo muito importante; e alianças que mudam o tempo todo. Fãs do livro podem ficar revoltados com omissões e liberdades realizadas – e várias mulheres consideraram que a cena de discoberta do sexo lésbico, que se repete várias vezes de maneira cada vez mais gráfica sob cada perspectiva, é exploradora e mostra o lesbianismo sob o olhar masculino. No entanto, quantas vezes conseguimos ver uma trama de gênero épica, luxuosa, mas mesmo assim intrigante, que coloca-se firmemente no lado das personagens femininas? Essas mulheres foram aprisionadas pelas circunstâncias, e recuperam seu poder e se vingam dos homens que as oprimiram de maneiras incrivelmente inteligentes.”

Em entrevista, Park conta como escolheu retratar o romance lésbico das protagonistas de The Handmaiden: “Num âmbito maior, eu sou faço filmes de gênero, apesar de modificá-los um pouco. Apesar de explorar um tópico tão específico como a homossexualidade, não era minha intenção produzir um filme sobre direitos humanos, demonstrando indivíduos que superam a discriminação. Assim como eu quis me concentrar em indivíduos que vivem na era colonial ao invés de uma história sobre a era colonial em si, eu sempre quis fazer um filme que retratasse o romance homossexual como algo natural, algo que é parte da vida.”

Aguardamos ansiosamente sua estreia no Brasil!

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