Censor queniano quer separar leões gays: “possuídos pelo demo”

Os felinos foram fotografados copulando; oficial do governo do Quênia acredita que foram “possuídos por demônios”

por Marcio Caparica

Uma fotografia de dois leões machos cruzando está causando bastante barulho no Quênia – a ponto do chefe do órgão censor de filmes do país pronunciar-se, afirmando que os bichos certamente aprenderam seu comportamento “pervertido” com os humanos.

“Esses animais necessitam de aconselhamento, porque provavelmente foram influenciados pelos gays, que visitam nossos parques nacionais e se comportam de maneira errada”, Ezekiel Mutua, chefe do Comitê de Classificação de Filmes do Quênia (KFCB), declarou ao jornal Nairobi News.

Os comentários de Mutua foram causados por imagens feitas pelo fotógrafo britânico Paul Goldstein na reserva de Maasai Mara, no sudoeste do Quênia. Nelas, um leão macho deita-se no chão para que o outro possa cobri-lo.

“Quando leões de sexos diferentes copulam, o ato normalmente dura apenas alguns segundos. Esses dois ficaram assim por mais de um minuto, e podia-se notar afeto entre eles, diferente da separação violenta que ocorre quando machos e fêmeas cruzam”, relatou Goldstein para o jornal MailOnline.

Mutua é conhecido no Quênia por ser um feroz defensor “da moral e dos bons costumes”, e já proibiu a exibição de programas de televisão no país por, supostamente, promoverem a homossexualidade. O censor acredita que cientistas deveriam pesquisar as razões por que os dois leões, aparentemente, estavam cruzando. Ele chegou a sugerir que esse comportamento pode ser o resultado de uma possessão demoníaca.

“Onde já se viu uma coisa dessa acontecer? Os demônios que tomam conta dos humanos parece que agora também estão dominando os animais”, afirmou Mutua. “É por isso que eu digo, isolem esses animais loucos e estudem seu comportamento, porque isso não é normal. O sexo serve apenas para a procriação, mesmo entre animais. Dois leões machos não são capazes de procriarem. Isso vai fazer com que a espécie dos leões desapareça.”

O censor, obviamente, está errado. Há inúmeros casos de comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo registrados entre animais. Os cientistas, no entanto, não gostam de utilizar termos como “gay” ou “lésbica” para descrever o comportamento dos bichos, já que ainda não há conclusões definitivas sobre a razão dessas atividades. Os bonobos (a espécie de macacos mais próxima dos humanos) aparentemente mantêm relações sexuais entre indivíduos do mesmo sexo por puro prazer e para solidificar laços sociais. Assim como os humanos, diga-se de passagem.

Um estudo realizado em 2008 descobriu que 31% dos casais de albatrozes na ilha de Oahu, no Havaí, eram compostos de duas fêmeas. As fêmeas criavam os filhotes juntas depois de acasalarem com um macho que já estava envolvido com outra fêmea. Comportamento também observado entre humanos: várias vezes casais do mesmo sexo criam rebentos rejeitados por casais heterossexuais.

Mutua, o censor queniano, declarou guerra ao conteúdo LGBT, um país conservador onde relações homossexuais entre homens pode acarretar numa pena de 14 anos de prisão. Recentemente ele proibiu que o seriado Andi Mack fosse exibido. Nele, um personagem de 13 anos conta para um amigo que sente atração por outro menino.

“Quando se trata de proteger nossas crianças da exposição a conteúdo danoso, não relutamos nem pedimos desculpas”, o censor declarou num post no Facebook quando proibiu o programa. “A instituição da família é sacrossanta. É a célula básica da sociedade, e é derivada da união entre um homem e uma mulher. Qualquer outra doutrina, ensinamento ou informação não passa de heresia!”

Infelizmente, a cada dia que passa, o Brasil se aproxima mais do Quênia.

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Um comentário

nagella

“aprenderam com os humanos” óbvio, porque os animais copiam os humanos, essa foi a pior desculpa que já ouvi.

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